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O multimídia Ziraldo |
O Jornal UFSJ entrevistou o cartunista, humorista e escritor Ziraldo Alves Pinto, ou simplesmente o multiprofissional Ziraldo. Confira abaixo trechos da conversa.
A entrevista, na integra, pode ser lida no Jornal UFSJ número 561 (edição de dezembro). Ziraldo lembra que, nos tempos do Pasquim, surgido em 1969, só tinha craque.
Era divertido bolar a capa, as frases, diz. Mas a diversão encontrava um adversário muito duro: a censura. Atualmente, fala-se muito nas dificuldades que surgem devido aos interesses econômicos.
Jornal da UFSJ: Do Pasquim aos dias de hoje, muita coisa mudou. O Pasquim e o Ziraldo enfrentavam a ditadura, a censura. Dá para afirmar que, atualmente, a principal censura é econômica, comercial?
Ziraldo: Não, isso de censura econômica, comercial, é conversa, não tem nada disso, não. "Ah, não posso fazer porque o cliente que paga não deixa." A televisão é uma empresa que tem que dar lucro. Tem comercial de televisão que dá para você fazer piada até você cansar, mas acontece que o dono do comercial tá pagando uma nota para a TV para vender o produto dele. Isso é um acordo da convivência capitalista, que é inexorável. Você não vai fazer humor para gozar o anunciante. "Ah, isso é censura!" Não, isso é um acordo firmado para que a sociedade sobreviva.
O humorista precisa saber lidar com essa situação, encontrar seu espaço?
Exatamente! Tudo depende do acordo que ele faz. Vale aquilo que está escrito. Quem paga você é uma determinada agência. Com certos comerciais que têm por aí, eles devem ficar irritadíssimos. Mas o humorista pode fazer muita coisa no teatro, por exemplo. No teatro não tem esse compromisso, ele pode fazer brincadeiras incríveis. Ziraldo questiona a qualidade do humor nos dias de hoje. Para ele, na ditadura o humor era inteligente, era preciso inteligência para enfrentá-la.
O Ziraldo é cartunista, escritor, humorista, pintor... falta ao profissional de hoje esta mesma versatilidade?
Eu sou aflito, é diferente [risos]. Eu quero abraçar o mundo com as pernas, uma coisa infantil que eu não corrigi ao longo da minha vida. Há décadas, personagens de Ziraldo têm papel relevante na formação de crianças e adolescentes. O Menino Maluquinho é um dos preferidos da criançada. A Professora Muito Maluquinha, outra personagem do escritor, esteve recentemente nas telas de cinema. O escritor viveu realidades tecnológicas bem distintas. Sua geração conviveu com as válvulas, diz, enquanto hoje a escola e as culturas direcionadas para o público infantil ganham o reforço de tecnologias como os computadores e a internet.
A escola, hoje, está encantando ou espantando os alunos?
A escola está procurando se adaptar aos novos tempos. Há um grande esforço para modernizar a escola. É difícil demais, porque tem muito equívoco. É preciso fazer um trabalho muito grande junto aos professores, uma mão-de-obra danada.
Quem é a professora muito maluquinha?
Ela existiu na vida real? Ela é, como todo personagem, uma composição: metade verdade, ou até menos da metade, e o resto invenção. A literatura é assim. Como eu falei aqui, a literatura te aproxima de Deus, porque você mata quem você quer, faz infeliz quem você quer, faz feliz quem você quer, isso é fantástico.
Qual a sensação de ver a personagem na tela de cinema, um outro suporte midiático, assim como já havia acontecido com o Menino Maluquinho?
É a maior festa. É como a formatura do filho, né? O filho formou, foi merecedor de diploma. É a vitória de quem você criou. Aí você fica muito realizado, é uma resposta positiva.
O Menino Maluquinho já tem um aplicativo no iPad... como é, para o Ziraldo, ver toda essa mudança?
A gente está no séc. XXI, eu não poderia ficar para trás. Quer dizer... eu até posso ficar para trás, mas o personagem não pode [risos].
A entrevista, na integra, pode ser lida no Jornal UFSJ número 561 (edição de dezembro). Ziraldo lembra que, nos tempos do Pasquim, surgido em 1969, só tinha craque.
Era divertido bolar a capa, as frases, diz. Mas a diversão encontrava um adversário muito duro: a censura. Atualmente, fala-se muito nas dificuldades que surgem devido aos interesses econômicos.
Jornal da UFSJ: Do Pasquim aos dias de hoje, muita coisa mudou. O Pasquim e o Ziraldo enfrentavam a ditadura, a censura. Dá para afirmar que, atualmente, a principal censura é econômica, comercial?
Ziraldo: Não, isso de censura econômica, comercial, é conversa, não tem nada disso, não. "Ah, não posso fazer porque o cliente que paga não deixa." A televisão é uma empresa que tem que dar lucro. Tem comercial de televisão que dá para você fazer piada até você cansar, mas acontece que o dono do comercial tá pagando uma nota para a TV para vender o produto dele. Isso é um acordo da convivência capitalista, que é inexorável. Você não vai fazer humor para gozar o anunciante. "Ah, isso é censura!" Não, isso é um acordo firmado para que a sociedade sobreviva.
O humorista precisa saber lidar com essa situação, encontrar seu espaço?
Exatamente! Tudo depende do acordo que ele faz. Vale aquilo que está escrito. Quem paga você é uma determinada agência. Com certos comerciais que têm por aí, eles devem ficar irritadíssimos. Mas o humorista pode fazer muita coisa no teatro, por exemplo. No teatro não tem esse compromisso, ele pode fazer brincadeiras incríveis. Ziraldo questiona a qualidade do humor nos dias de hoje. Para ele, na ditadura o humor era inteligente, era preciso inteligência para enfrentá-la.
O Ziraldo é cartunista, escritor, humorista, pintor... falta ao profissional de hoje esta mesma versatilidade?
Eu sou aflito, é diferente [risos]. Eu quero abraçar o mundo com as pernas, uma coisa infantil que eu não corrigi ao longo da minha vida. Há décadas, personagens de Ziraldo têm papel relevante na formação de crianças e adolescentes. O Menino Maluquinho é um dos preferidos da criançada. A Professora Muito Maluquinha, outra personagem do escritor, esteve recentemente nas telas de cinema. O escritor viveu realidades tecnológicas bem distintas. Sua geração conviveu com as válvulas, diz, enquanto hoje a escola e as culturas direcionadas para o público infantil ganham o reforço de tecnologias como os computadores e a internet.
A escola, hoje, está encantando ou espantando os alunos?
A escola está procurando se adaptar aos novos tempos. Há um grande esforço para modernizar a escola. É difícil demais, porque tem muito equívoco. É preciso fazer um trabalho muito grande junto aos professores, uma mão-de-obra danada.
Quem é a professora muito maluquinha?
Ela existiu na vida real? Ela é, como todo personagem, uma composição: metade verdade, ou até menos da metade, e o resto invenção. A literatura é assim. Como eu falei aqui, a literatura te aproxima de Deus, porque você mata quem você quer, faz infeliz quem você quer, faz feliz quem você quer, isso é fantástico.
Qual a sensação de ver a personagem na tela de cinema, um outro suporte midiático, assim como já havia acontecido com o Menino Maluquinho?
É a maior festa. É como a formatura do filho, né? O filho formou, foi merecedor de diploma. É a vitória de quem você criou. Aí você fica muito realizado, é uma resposta positiva.
O Menino Maluquinho já tem um aplicativo no iPad... como é, para o Ziraldo, ver toda essa mudança?
A gente está no séc. XXI, eu não poderia ficar para trás. Quer dizer... eu até posso ficar para trás, mas o personagem não pode [risos].
Publicada em 24/01/2012
Fonte: ASCOM
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