sábado, 20 de abril de 2024

Morre Ziraldo, o Filho Mais Ilustre de Caratinga


 O cartunista  Ziraldo na inauguração da Casa Ziraldo de Cultura,
ao lado do Edra, o responsavél pela homenagem na terra natal do artista


    Faleceu, aos 91 anos, o desenhista e escritor Ziraldo Alves Pinto, criador de personagens como “O Menino Maluquinho” e “Turma do Pererê”. Ziraldo morreu dormindo, quando estava em casa, em um apartamento no bairro da Lagoa, na Zona Sul do Rio, por volta das 15h de sábado (6). 
     Chargista, caricaturista e jornalista, Ziraldo também foi um dos fundadores nos anos 1960 do jornal “O Pasquim”, um dos principais veículos a combater a ditadura militar no Brasil. 
     Ziraldo Alves Pinto nasceu em 24 de outubro de 1932 em Caratinga, onde passou a infância. Mais velho de uma família com sete irmãos, seu nome vem da combinação dos nomes de sua mãe, Zizinha, e o de seu pai, Geraldo. Desde criança já mostrava seu talento para o desenho. Com seis anos teve um desenho seu publicado no jornal Folha de Minas. Ziraldo estudou no Grupo Escolar Princesa Isabel. Em 1949 foi com a avó para o Rio de Janeiro, onde estudou por dois anos no MABE (Moderna Associação de Ensino). Em 1950 retornou para Caratinga e concluiu o científico no Colégio Nossa Senhora das Graças. 

 Carreira - A carreira de Ziraldo começou na revista “Era Uma Vez”, quando fazia colaborações mensais. Em 1954 começou a trabalhar no jornal “Folha da Manhã” (hoje Folha de S. Paulo) desenhando em uma coluna de humor. 
     Em 1957 foi para a revista O Cruzeiro, publicação de grande prestígio na época. Nesse mesmo ano, formou-se em Direito na Universidade Federal de Minas Gerais. Em 1958 casou-se com Vilma Gontijo, com quem teve três fi lhos, Daniela, Antônio e FaMorre Ziraldo, filho de Caratinga, pai do Menino Maluquinho Carlos Santtos/Fotoarena/Estadão Conteúdo brízia. 
     Em outubro de 1960, Ziraldo lançou a primeira revista brasileira de quadrinhos e colorida de um só autor, intitulada “Pererê”. As histórias da revista já vinham sendo publicadas em cartuns nas páginas da revista O Cruzeiro, desde 1959. 
     As histórias se passavam na floresta fictícia “Mata do Fundão”. A publicação da revista durou até abril de 1964, quando foi suspensa pelo regime militar. Em 1975 a revista foi relançada com o nome de “A Turma do Pererê”, mas só durou um ano. 
     Em 1963, Ziraldo ingressou no Jornal do Brasil. Nessa época, em plena ditadura militar, lançou os personagens “Supermãe”, “Mineirinho” e “Jeremias, o Bom”, homem atencioso, elegante, vestido com terno e gravata e que estava sempre disposto a ajudar os outros. O personagem marcou as charges fazendo críticas aos costumes e ao comportamento da época.      Em 22 de junho de1969 foi lançado o semanário “O Pasquim”, um tabloide de humor e de oposição ao regime militar que renovou a linguagem jornalística, do qual participavam diversas personalidades importantes, como os cartunistas Jaguar e Henfi l, os jornalistas Tarso de Castro e Ziraldo, entre outros. 
     Em novembro de 1970, toda a redação do jornal foi presa depois da publicação de uma sátira do célebre quadro do Dom Pedro às margens do Rio Ipiranga. A publicação, que fazia muito sucesso, circulou até 11 de novembro de 1991. 
     Em 1969, Ziraldo lançou seu primeiro livro infantil, “Flicts”, que relata a história de uma cor que não encontrava seu lugar no mundo. Nesse livro usou o máximo de cores e o mínimo de palavras. Nesse mesmo ano, recebeu o Prêmio Nobel Internacional do Humor, no 32.º, no Salão Internacional de Caricaturas de Bruxelas. 
     Em 1980, Ziraldo lançou o livro “O Menino Maluquinho”, um dos maiores fenômenos editoriais no Brasil. O menino maluquinho é uma criança que vive com uma panela na cabeça, é alegre, sapeca, cheia de imaginação e que adora aprontar e viver aventuras com os amigos. 
     Em 1981 o livro recebeu o “Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro”. Em 1989 começou a publicação da revista e das tirinhas em quadrinhos do personagem. A obra serviu de inspiração para adaptações no teatro, televisão, quadrinhos, videogames e cinema. 
     As obras de Ziraldo já foram traduzidas para diversos idiomas e publicadas em revistas conhecidas internacionalmente.

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