sábado, 19 de dezembro de 2020

Menino Maluquinho Faz 40 Anos e Ganha Novos Amigos Para Falar Sobre Síndrome de Down


 Chico, Maria Clara e Maria Antônia, os novos amigos 
do Menino Maluquinho (foto acervo pessoal)

    Thaissa Alvarenga, 43 anos, engravidou em 2013 e com seis meses de gestação descobriu que seu filho Francisco poderia nascer com Síndrome de Down e cardiopatia congênita, uma alteração no desenvolvimento do coração. Com a confirmação, a publicitária focou na maternidade e logo teve também Maria Clara e em seguida Maria Antônia. 
    Alvarenga já realizava voluntariado na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) quando criou o blog Chico e suas Marias, em que compartilha relatos e vivências de seus três filhos, focando na inclusão e na importância da diversidade. 
    O espaço foi crescendo e deu origem à ONG Nosso Olhar, que busca fornecer informação, mobilização e realizar projetos de inclusão desde o nascimento até idades mais avançadas de pessoas com Trissomia 21. “Quando o portal foi crescendo, nasceram alguns projetos e sentimos a necessidade de criar uma ONG. Assim, a Nosso Olhar nasce com o intuito de mobilizar a sociedade, educar acerca da causa e incluir desde o acolhimento, assuntos da primeira infância até o mercado de trabalho” relata a empresária social.             Recentemente, com os 40 anos do Menino Maluquinho em outubro, a instituição se uniu com a Ziraldo Artes Produções (ZAP) e dois novos amigos entraram para as histórias do garoto que conquistou tantas crianças com suas pirações: o Chico e as Marias. Em forma de cartilhas e tirinhas, o material conterá um glossário de termos e conteúdos sobre educação, inclusão nas escolas, terapias, dicas, brincadeiras e esportes, além de abordar também o autismo e outras modificações genéticas. 
    O projeto ainda busca patrocínio, mas a ideia é ter distribuição gratuita em escolas, empresas, mercados e farmácias. Idealmente, antes da volta às aulas de 2021. 
    O grupo também irá espalhar diversas tirinhas pelas redes sociais. “Nosso propósito é mostrar, a partir das histórias de Thaissa sob o olhar do Ziraldo, que uma criança com Síndrome de Down também vive aventuras e tem o direito e as condições de brincar e ser feliz. Além de orientar como isso pode ocorrer de forma saudável e inclusiva”, informa Rogério Mainardes, 60, diretor geral da ZAP. É importante que as crianças aprendam a conviver com as diferenças. Na prática, elas serão mais generosas, empáticas e tolerantes. O exemplo é fundamental. Já abrimos muitos caminhos, mas ainda faltam adultos mais humanos”, reflete a responsável. As obras contam com o apoio de muitas mãos. Os relatos partem da experiência da mãe das crianças e do que observa enquanto eles se desenvolvem, mas serão estruturados por Ziraldo e sua equipe. Alvarenga comunica que não há certo ou errado quando se fala sobre deficiência. “É um desafio, o ser humano tem seus preconceitos e o importante é levar o que se discute normalmente com informação e clareza. 
    Dar voz às pessoas com deficiência, seus familiares e educadores.” À luz do decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 1° de outubro, que de acordo com Alvarenga incentiva a segregação de estudantes com deficiência por meio da estatização da Política Nacional de Educação Especial (PNEE), ações como essa ganham mais força. “É um retrocesso e inconstitucional, de acordo com a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (destinada a promover e assegurar igualdade no exercício dos direitos e liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania). Meu filho estuda em uma escola regular e vejo na prática o quanto ele é impactado e o quanto ele impacta os amigos”, detalha. Já Rogério Mainardes ressalta a importância da convivência entre as diferenças. De acordo com ele, essa interação é fundamental para que a sociedade aceite essa questão e a trabalhe de forma conjunta e saudável. Sob esse contexto, o Menino Maluquinho demonstrará de forma lúdica como é se relacionar com crianças especiais: alegre e enriquecedor. 

Fonte: O Povo (CE)