Ziraldo vai acompanhar de perto a restauração do painel. |
Uma pequena favela, os Arcos da Lapa, um astronauta e um banquete regado a muita cerveja fazem parte do painel "Última Ceia", pintado por Ziraldo em 1967 e que será agora restaurado, em uma parede da antiga casa de shows Canecão, na Urca, zona sul do Rio de Janeiro.
Considerado transgressor durante o regime militar, o painel com dimensões gigantescas (tem 32 m x 6 m) foi murado. Mas, durante as obras de restauração do espaço, que voltou a pertencer à UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) em 2010, a obra foi revelada.
"É o maior painel do tipo em território brasileiro. Vamos trazer a obra de volta à apreciação do público. Isso faz parte do plano diretor UFRJ 2020, que integra a universidade à cidade. Assim, todo o processo de restauro será aberto ao público, que poderá opinar também", diz Carlos Vainer, coordenador do Fórum de Ciência e Cultura.
Ainda de acordo com Vainer, o maior painel brasileiro é "Guerra e Paz", de Candido Portinari, que está na sede da ONU (Organizações das Nações Unidas) em Nova York.
O cartunista também participará do processo, que terá coordenação do curso de Conservação e Restauração da universidade fluminense.
"Sabe aquela piada do índio que estava tentando fazer sinal de fumaça e, então, estoura uma bomba atômica perto? Ele diz: era isso o que queria fazer. Então, quando vi a parede em branco, pensei: era isso que eu queria pintar", diz o artista.
Ziraldo lembrou o processo de pintura, em que criava as tintas. "Comprava as tintas brancas e colocava corante em pó, para criar as cores que eu queria. Assim como os pintores renascentistas. Demorei seis meses para fazer, com a parceria de outros colegas. Não tenho como definir minha alegria com a restauração", afirma ele.
O restauro será coordenado pela Escola de Belas Artes da UFRJ e contará com dez alunos dos cursos de Restauro.
A previsão é que fique pronto até o final do ano, já que é uma das ações que fazem parte das comemorações dos 450 anos da fundação do Rio.
A visitação pública para acompanhar a recuperação será aberta em abril, com a instalação de uma passarela.
Em meio à crise financeira que a universidade passa, com o fechamento do Museu Nacional, o reitor da UFRJ, Carlos Levi, afirmou que o dinheiro já está garantido.
"São verbas distintas.
A da restauração já está prevista no orçamento total da faculdade, que inclui tintas, bolsas para os estudantes.
A verba do museu carece da normalização do sistema de pagamento do governo federal."
Fonte: Bruna Fannti, para a Folha do Rio
Foto: Ricardo Borges
Foto: Ricardo Borges
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